junho 29, 2010

"acaso"




"Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, pois cada pessoa é única
e nenhuma substitui outra.
Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, mas não vai só
nem nos deixa sós.
Leva um pouco de nós mesmos,
deixa um pouco de si mesmo.
Há os que levam muito,
mas há os que não levam nada.
Essa é a maior responsabilidade de nossa vida,
e a prova de que duas almas
não se encontram ao acaso. "
(Antoine de Saint-Exupéry)



[iii]
da exposição "detalhes na multidão"

junho 26, 2010

desafiando oceanos




"amanhã
infusa promessa
manto palidecento
como céu de Atenas
se dilui e convive
...sem que se turvem
as cores da infância
...voltar sem volúpia
por teus olhos de sal...
brisas e maresias
desafiando oceanos
que teu fragor reclama

no concavo de um búzio...apenas"

(obrigada Helena Branco!!!)

junho 19, 2010

o tempo




"Uma ilusão. A distinção entre passado, presente e futuro não passa de uma firme e persistente ilusão."
(Albert Einstein)

junho 17, 2010

[a menina escondida nos sonhos]




Por onde as sombras do velho mercado se escondiam, escapava‐se uma brisa esquecida do passado. Por entre cruzamentos anónimos, circulavam olhares sem morada, deambulando por paisagens ocultas.

Escondida entre a confusão, aprendera os primeiros passos no meio de bancadas de fruta, baldes de flores, odores de especiarias e pregões anunciando a qualidade duvidosa de tantos produtos abandonados pela exuberância. As conversas, as opiniões, os conselhos trocados entre terceiros, cujos sentidos roubava ocultando‐se a níveis junto ao solo, haviam sido a sua escola, o abrir de olhos para avenidas onde a sua curiosidade se transformava em visitante assíduo. Cresceu nos corredores da irreverência, no incumprimento das regras, no constante desafio da descoberta.

Ao cair da noite explorava resquícios de vida adormecida e perguntava‐lhes onde e porquê tinham estancado. Perante as respostas sempre mudas, improvisava corridas desenfreadas contra o tempo e sossegava na criação de continuidades cujo futuro fora abortado na reinvenção de cada amanhã. Sem que alguma vez tivesse aprendido o alfabeto, escreveu contos que se narraram de boca em boca. Deu vida a objectos inanimados e luz a resplendores obscurecidos. Inventou passos que nunca foram caminhados. Desenhou identificações sem cadastro. De si nasceram realidades que nunca passaram da ficção.

Hoje, ao cair da noite, quando os corpos se encolhem no aconchego de golas puxadas para cima, sopra uma brisa esquecida do passado. No frio da escuridão irrompe a luz trémula duma chama que conhece os antepassados dessa brisa. Acocorada na antecâmara da noite, a menina a quem o tempo pintou os cabelos de branco e enrugou a pele, encolhe‐se para cá da vidraça e recebe essa planície onde o luar se espraia, ousando ser cicerone das rotinas da natureza.

Enquanto o lusco‐fusco disfarça as cores e os corpos são, momentaneamente, simples silhuetas tridimensionais, a menina contempla os pratos da balança com o sorriso confiante de quem não duvida ser detentora da razão. Os pedaços de vida que a menina recolhia quando o mercado se extinguia no final de cada dia, pesam mais do que os livros que teorizam, argumentam, recusam. A mulher experiente parece falar para os pratos da balança e dizer‐lhes: “Sim! Eu sei… a imaginação supera a realidade. Não é a história uma sucessão de acontecimentos que o homem, primeiro, sonhou?”
(PAS[Ç]SOS)


[palavras provocadas pela imagem, da exposição "Palavras com Objectiva"]

junho 06, 2010

closer to nowhere




[ii]
da exposição "detalhes na multidão"

junho 04, 2010

[lágrimas no vidro]





Reinventa aquele abraço desenhado
com braços-algas flutuando
na espuma dos corpos distantes

Devolve-me a urgência das palavras
sulcadas na régua do tempo
embebidas em néctares de emoção

Contagia-me a sensibilidade da pele
com a querença da vida dádiva
na espontaneidade de prazer inovado

Acorda-me o olhar em cada girassol
onde alicerço pontes de memórias
sobre rios de beijos por trocar

E faz comigo, hoje, a Primavera
onde os corpos se enlaçam em raízes
plantadas na ambição de um só sangue
exsudado em veias enxertadas

Reinventa aquele abraço desenhado
e cola o teu corpo no meu
Lá fora chove, faz frio, é Inverno
o que vês no vidro são lágrimas do dia
e eu quero adormecer no Verão
da tua paixão,
aqui nesta cela: o teu coração!
(PAS[Ç]SOS)


[palavras provocadas pela imagem, da exposição "Palavras com Objectiva"]

junho 03, 2010

sonhos





para a Mafalda.

pela concretização dos sonhos. porque são possíveis de realizar, desde que se acredite com verdade, fiéis às convicções e aos ideais que nos movem.

boa sorte!!!!